Campo Erê / Variedades - 12 de Maio de 2020 - 08h52

​História - A bandeira argentina já foi hasteada em Campo Erê

Foto: campoere_1.com

O explorador Gustavo Niederlein chegou ao povoado de Campo Erê e encontrou, segundo seu relatório, 207 moradores, dos quais apenas um era brasileiro.

Esse brasileiro era a única autoridade em Campo Erê.

Niederlein informa que, como representante do governo argentino, ordenou a retirada da bandeira do Brasil, e a substituição pela bandeira da Argentina, no que foi prontamente atendido.

“Encontrando alli um empregado brasileiro (a única autoridade) como juiz, tomei em nome da Republica Argentina posse de Campo Eré, convidando o empregado para prestar obdiencia á Republica, desterrando para sempre, depois de ser nomeado alcaide argentino, a bandeira brasileira, hasteando a da Republica, com o que o mesmo empregado contentou-se sem fazer dificuldades”.

O representante argentino relatou que também tomou posse do território de Palmas até Chapecó, o que é pouco provável, pois nessa época já havia a Colônia Militar de Xanxerê, que dava segurança a toda a região, inclusive em relação às possibilidades de invasão castelhana.

De qualquer forma, o relatório de Gustavo Niederlein, embora questionável, era bem específico:

“Na qualidade de inspector das florestas nacionais e como único empregado que exerce jurisdição sobre estes territórios, julgo de meu dever fazer valer o direito de posse argentino sobre Palmas de baixo e Palmas de cima até o Chapecó (Santo Antonio) e Chapecó (Piperi-guassú), o que agora tenciono fazer”.

O naturalista sugere ações do governo argentino para garantir a posse sobre o território do Extremo Oeste até o Rio Chapecó. Dentre as ações sugeridas estavam a criação de uma freguesia, a abertura de estradas e a nomeação de um professor.

“Em primeiro logar deve o governo argentino mandar abrir um caminho de Palmas, por Campo Erê, até o Rio Paraná, cuja despeza orço em 300 pesos, para depois, fazendo valer o direito de posse, instruir as auctoridades legaes, creando uma freguezia terá aula publica para a qual se nomeará um professor.
Ao mesmo tempo seria conveniente que o governo fundasse, a exemplo do Brazil, colonias militares na fronteira”.

O explorador Gustavo Niederlein chegou ao povoado de Campo Erê e encontrou, segundo seu relatório, 207 moradores, dos quais apenas um era brasileiro.

As recomendações do explorador seguem estratégias que também eram pensadas pelo governo brasileiro, algumas até ousadas, como a implantação de uma ferrovia. A proposta de Niederlein, todavia, era ligar a região através de Campo Erê até o povoado de San Pedro, futuro município de San Pedro, na Província de Missiones.

“Parece-me de muito alcance a construcção de uma via-ferrea de San Pedro ao Campo Erê e Paraná, que será realisavel por meio de concessões vantajosas (unidas a condições de colonização), com o fim de explorar o innumeros pinheiraes, cujo valor nesta zona póde orçr-se em 500 milhões de pesos, estimação baixa; assim como os grandes hervaes que darão centos de milhares de arrobas, não fallando emoutras madeiras de preço, casáu (?) de curtir, productos para tincturarias, têxtis, assim como para facilitar a colonisação das terras nacionaes em geral férteis”.

Em seu relato, o explorador informa o roteiro que pretendia fazer para o retorno, pelo Rio Uruguai, até o Salto Grande e Porto de São Xavier. Ao final, apesar das medidas e sugestões de ações, Niederlein reconhece que o Extremo Oeste continua sendo um território em disputa pelos dois países e que gostaria de se preparar para a disputa.

“De Palmas tenciono voltar a S. Pedro, d´onde seguirei para o rio Uruguay, afim de inspeccionar os matos e hervaes ao longo do caminho e do Pagy.

Deste ponto subirei pelo Uruguay, embarcado até áa foz do rio Chapecó, acima do Salto Grande, d´onde farei volta, descendo pelo rio até S. Xavier, com vistas a atravessar os hervaes de serra acima, Yerbal nuevo e Yerbal viejo, até Corpus.

Voltando aos negócios da fronteira, accrescentarei que solicitei do governo se necessárias ordens afim de estudar o terreno nacional duvidoso, para o que estou me preparando”.

Com pesquisa de Ageu Vieira

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