O explorador Gustavo Niederlein chegou ao
povoado de Campo Erê e encontrou, segundo seu relatório, 207 moradores, dos
quais apenas um era brasileiro.
Esse brasileiro era a única autoridade em Campo
Erê.
Niederlein informa que, como representante do
governo argentino, ordenou a retirada da bandeira do Brasil, e a substituição
pela bandeira da Argentina, no que foi prontamente atendido.
“Encontrando alli um empregado brasileiro (a
única autoridade) como juiz, tomei em nome da Republica Argentina posse de
Campo Eré, convidando o empregado para prestar obdiencia á Republica,
desterrando para sempre, depois de ser nomeado alcaide argentino, a bandeira
brasileira, hasteando a da Republica, com o que o mesmo empregado contentou-se
sem fazer dificuldades”.
O representante argentino relatou que também
tomou posse do território de Palmas até Chapecó, o que é pouco provável, pois
nessa época já havia a Colônia Militar de Xanxerê, que dava segurança a toda a
região, inclusive em relação às possibilidades de invasão castelhana.
De qualquer forma, o relatório de Gustavo
Niederlein, embora questionável, era bem específico:
“Na qualidade de inspector das florestas
nacionais e como único empregado que exerce jurisdição sobre estes territórios,
julgo de meu dever fazer valer o direito de posse argentino sobre Palmas de
baixo e Palmas de cima até o Chapecó (Santo Antonio) e Chapecó (Piperi-guassú),
o que agora tenciono fazer”.
O naturalista sugere ações do governo argentino
para garantir a posse sobre o território do Extremo Oeste até o Rio Chapecó.
Dentre as ações sugeridas estavam a criação de uma freguesia, a abertura de
estradas e a nomeação de um professor.
“Em primeiro logar deve o governo argentino
mandar abrir um caminho de Palmas, por Campo Erê, até o Rio Paraná, cuja
despeza orço em 300 pesos, para depois, fazendo valer o direito de posse,
instruir as auctoridades legaes, creando uma freguezia terá aula publica para a
qual se nomeará um professor.
Ao mesmo tempo seria conveniente que o governo fundasse, a exemplo do Brazil,
colonias militares na fronteira”.
O explorador Gustavo Niederlein chegou ao
povoado de Campo Erê e encontrou, segundo seu relatório, 207 moradores, dos
quais apenas um era brasileiro.
As recomendações do explorador seguem
estratégias que também eram pensadas pelo governo brasileiro, algumas até
ousadas, como a implantação de uma ferrovia. A proposta de Niederlein, todavia,
era ligar a região através de Campo Erê até o povoado de San Pedro, futuro
município de San Pedro, na Província de Missiones.
“Parece-me de muito alcance a construcção de
uma via-ferrea de San Pedro ao Campo Erê e Paraná, que será realisavel por meio
de concessões vantajosas (unidas a condições de colonização), com o fim de
explorar o innumeros pinheiraes, cujo valor nesta zona póde orçr-se em 500
milhões de pesos, estimação baixa; assim como os grandes hervaes que darão
centos de milhares de arrobas, não fallando emoutras madeiras de preço, casáu
(?) de curtir, productos para tincturarias, têxtis, assim como para facilitar a
colonisação das terras nacionaes em geral férteis”.
Em seu relato, o explorador informa o roteiro
que pretendia fazer para o retorno, pelo Rio Uruguai, até o Salto Grande e
Porto de São Xavier. Ao final, apesar das medidas e sugestões de ações,
Niederlein reconhece que o Extremo Oeste continua sendo um território em
disputa pelos dois países e que gostaria de se preparar para a disputa.
“De Palmas tenciono voltar a S. Pedro, d´onde
seguirei para o rio Uruguay, afim de inspeccionar os matos e hervaes ao longo
do caminho e do Pagy.
Deste ponto subirei pelo Uruguay, embarcado até
áa foz do rio Chapecó, acima do Salto Grande, d´onde farei volta, descendo pelo
rio até S. Xavier, com vistas a atravessar os hervaes de serra acima, Yerbal
nuevo e Yerbal viejo, até Corpus.
Voltando aos negócios da fronteira, accrescentarei que solicitei do governo se necessárias ordens afim de estudar o terreno nacional duvidoso, para o que estou me preparando”.
Com pesquisa de Ageu Vieira