Área de escape, que levaria
mais de seis meses para sair do papel, é construída em 11 dias com a
colaboração de agricultores do interior do Rio Grande do Sul
Um problema de infraestrutura do
Aeroporto Regional de Santo Ângelo — Sepé Tiaraju, no Rio Grande do Sul, se
arrastava desde 2014. A pista precisava de mais uma runway end safety area
(Resa), área de escape de 60 metros de largura por 90 de comprimento para
operar com total segurança e eficiência. Das duas cabeceiras, apenas uma estava
apta a receber aviões maiores. A questão foi resolvida e de forma ágil graças à colaboração de produtores rurais da
região.
O problema
As aeronaves da Azul, por exemplo,
tinham autorização da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) para operar com
o ATR-72, um avião menor de porte. Por outro lado, a Gol chegou a anunciar a
chegada do Boing 737 a partir do dia 18 de outubro. No entanto, por segurança,
a companhia aérea só poderia operar somente na cabeceira com a estrutura
completa.
Esse era o problema que reduziria a
performance de expansão do aeroporto localizado no município de Santo Angelo.
Isso porque a cabeceira 12 não contava com a ampliação da pista. Segundo a Gol,
cerca de 30% dos voos poderiam ser cancelados ou trocados.
A solicitação da obra foi encaminhada
para o Departamento Aeroportuário do Rio Grande do Sul, que respondeu que,
entre licitar e executar, o prazo seria de mais de 6 meses, com custo
aproximado de R$ 2 milhões.
Essa foi a motivação que levou a
Associação Comercial, Cultural, Industrial, Serviços e Agropecuária de Santo
Ângelo (Acisa), junto com o Aeroclube do município, o Sindicato Rural e demais
entidades e empresas a unir forças e realizar a obra no aeroporto.
Formado por mais de 150 pessoas, o
mutirão se reuniu para executar a obra, que contou com a colaboração do
agronegócio local. Produtores rurais de toda a região noroeste do Rio Grande do
Sul colaboraram emprestando maquinários e operadores.
Foram usadas mais de 100 máquinas na
obra do aeroporto, entre scrapes, tratores, escavadeiras, dragas,
motoniveladoras e rolos. Outra parte dos colaboradores cuidava da manutenção e
gerência do local, da alimentação dos trabalhadores. Enquanto isso, empresas
doavam alimentos e bebidas.
Com o apoio técnico e científico do
curso de engenharia civil da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões (URI), o suporte qualitativo na execução do projeto foi garantido.
Seis meses? Obra concluída em 11 dias
Produtores rurais trabalharam em obra de
aeroporto do RS | Foto: Acisa/Divulgação
Resultado do mutirão que contou com a
ajuda direta de produtores rurais de Santo Ângelo e proximidades. Em vez de
seis meses, a obra para a área de escape do aeroporto foi concluída em oito
dias. Prazo que, aliás, poderia ter sido ainda menor não fosse a chuva que
atrasou os trabalhos.
Dessa forma, as atividades no Aeroporto
Regional de Santo Ângelo — Sepé Tiaraju tiveram início em 11 de julho, com a
finalização registrada em 22 de julho. Mas com um detalhe: por causa de chuvas,
foram, ao todo, apenas oito dias de trabalho. Foram movimentados 56 mil m³ de
terra, onde, a cada camada utilizada e analisada, chegou-se a uma compactação
de 40 mil m³.
O combustível utilizado nos maquinários
custou aproximadamente R$ 200 mil. A Prefeitura de Santo Ângelo assumiu a
despesa por meio de uma lei aprovada pela Câmara Municipal. Segundo a Acisa, os
pedidos para a realização da obra junto ao poder público duravam oito anos.
Com a obra finalizada e a colaboração de
produtores rurais, as duas cabeceiras serão homologadas. Assim, o Aeroporto
Regional de Santo Ângelo — Sepé Tiaraju, no noroeste do Rio Grande do Sul,
contará, oficialmente, com ampliação do grau de segurança de toda a área de
escape da pista.
Fonte: Canal Rural