Você já ouviu falar na advocacia sistêmica?
O
Direito Sistêmico tem ganho crescente popularidade no meio jurídico brasileiro
na última década. A temática já possui diversos livros e artigos,
divididos em críticas e elogios à utilização das técnicas por advogados e pelos
tribunais como ferramenta de resolução de conflito.
É uma nova
forma de atuação do advogado dentro de seu escritório profissional, tendo por
base um contexto sistêmico, amparado por princípios, alicerçado dentro de uma
hierarquia, sempre com muito respeito ao contexto do cliente e sua história,
com atuação de uma forma humana e neutra.
O
procedimento da constelação tem sido aplicado no sistema judiciário brasileiro
como forma de mediação de conflitos com o aval da resolução 125/10 do Conselho
Nacional de Justiça, que regulamenta os métodos alternativos/adequados e
consensuais para a resolução de conflitos.
O Juiz
de Direito Dr. SamiStorch, criador do termo Direito Sistêmico e pioneiro na
aplicação da técnica no interior da Bahia, possui um blog sobre o assunto e
conclui em seu livro O Direito Sistêmico, 2013, que “(…)uma solução simplista
imposta por uma lei ou por uma sentença judicial pode até trazer algum alívio
momentâneo, uma trégua na relação conflituosa, mas às vezes não é capaz de solucionar
verdadeiramente a questão, de trazer paz às pessoas. O direito sistêmico se
propõe a encontrar a verdadeira solução”.
Para
ser um bom profissional o advogado precisa olhar o conflito do cliente de uma
forma neutra, estando verdadeiramente organizado com suas relações
interpessoais para não utilizar o conflito do cliente como um escudo de
resolução de seus próprios conflitos internos.
O
profissional faz uso de várias ferramentas e de um vasto conhecimento humano
para transformar o conflito na essência, de forma positiva e transformadora,
temos como exemplo: a neurolinguística, a psicologia, a filosofia, a
comunicação não violenta, as práticas de resolução de conflitos através da
autocomposição, com mediação, negociação e a conciliação, ser questionador,
saber ter escuta ativa, empatia, saber identificar em vez de ir ao extremo do
certo e errado, tudo com um olhar de contexto e não cartesiano, alterando a sua
forma de observação, com mudança de postura, visto que o advogado não é
terapeuta e muito menos constelador, ou até mesmo psicólogo.
Desta
forma, antes de ser um advogado sistêmico ele é um advogado e precisa cumprir
esse papel, compreendendo bem quais são suas funções, a sua postura, o estatuto
que o rege, as regras do jogo para a advocacia, enquanto advogado e seu
escritório enquanto mercado jurídico.
Existe
na advocacia sistêmica uma busca por transcender, não se limitando apenas aos
ensinamentos de Bert Hellinger, sabendo utilizar uma consciência sistêmica,
para compreender como funciona o ser humano na sua individualidade, no contexto
familiar, no trabalho e na sociedade.
Importante
salientar que o advogado juntamente com o seu cliente assume a responsabilidade
diante do conflito e são corresponsáveis pelo o que acontece, pelas estratégias
jurídicas a serem utilizadas, com o futuro, com os resultados e as buscas
alcançadas, fazendo uma análise integral do direito positivado (leis, direito
material e processual e a constituição Federal) com as relações humanas.
Por
fim, a expressão Direito Sistêmico representa a atuação dos operadores do
direito, não com um olhar apenas processualista, mas sim, sistêmico, aonde as
Leis Sistêmicas são aplicadas aos conflitos, seja em vivências coletivas ou em
audiências de mediação, ou dentro dos escritórios profissionais na busca da
pacificação social através de acordos extrajudiciais.
Juliane
Silvestri Beltrame
Especialista
em Direito das Famílias.