Saúde - 01 de Junho de 2015 - 15h50

Pesquisa aponta relação da erva-mate com câncer

Embora indique cuidados, estudo não aponta a necessidade de deixar o hábito Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS

Estudo da OMS aponta que a combinação de alta temperatura da água com o herbicida usado no cultivo da erva-mate podem ser agentes cancerígenos

 Tradição centenária dos gaúchos, o chimarrão é apontado como provável agente cancerígeno por um estudo da Agência Internacional para Pesquisa Sobre Câncer (IARC, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS). A pesquisa acende um alerta para o hábito e abre a discussão sobre a necessidade ou não de se moderar o consumo.

As opiniões sobre o material são divergentes. Ao analisar o estudo, o oncologista do Instituto do Câncer do Sistema de Saúde Mãe de Deus, Stephen Stefani, aponta que há evidências científicas nítidas de que a associação da alta temperatura da água com herbicidas da erva-mate aumentam os riscos de câncer no esôfago, no estômago e na boca. O herbicida apontado no estudo é o glifosato, utilizado no cultivo da erva-mate para matar a vegetação que cresce ao redor da planta.

Sem abrir mão

O oncologista alerta que há uma quantidade regulamentada pelo Ministério da Saúde de herbicida para cada produto. Porém, admite que é muito pouco provável que o consumidor tenha acesso a esta informação. Mesmo assim, acredita que vale o esforço de buscar uma marca de confiança e, principalmente, não tomar a bebida quente demais e evitar o excesso.

– Se aquele consumidor toma chimarrão a uma temperatura que só ele consegue beber, é porque está muito quente. Neste caso, é prudente que ele mude seus hábitos. O mesmo vale para aqueles que tomam chimarrão várias vezes ao dia – aconselha.

Mesmo que seja pertinente a recomendação de se evitar excessos, o estudo não diz que o chimarrão deve ser evitado, diferentemente do cigarro, por exemplo, em que há uma recomendação clara da OMS para não ser consumido.  

– O gaúcho não precisa ficar com medo, não é uma evidência científica forte para se abrir mão do hábito – ameniza Stephen.

Para a oncologista e coordenadora do Centro de Prevenção de Câncer da Santa Casa de Porto Alegre, Alice de Medeiros Zelmanowicz, o estudo da OMS não avança em relação às classificações que a organização já havia feito em 1991, quando apontou que a erva-mate poderia ter ligações com o câncer de boca. Alice alerta que as evidências apontadas são frágeis e que elas não justificam mudanças de hábito:

– Não existe evidências científicas suficientes, o que causa câncer de boca, por exemplo, é cigarro e álcool.

Herbicida facilita o cultivo da erva-mate

Em meio à carência de mão de obra no campo, o presidente da Associação dos Produtores de Erva-mate do Alto Uruguai (Aspemate), Ilário Poleto, reconhece que o uso do glifosato facilita o trabalho na lavoura, substituindo a roçada. Porém, afirma que já há produtores que estão substituindo a prática com o uso de roçadeiras e trator.

 – No passado já foi usado bem mais, mas estamos diminuindo o seu uso – afirma.

 O glifosato é utilizado durante o processo de cultivo de erva-mate para matar vegetais que crescem ao redor da planta. O herbicida faz o mesmo trabalho que a capina faria e também funciona para o controle de pragas. Trata-se também de uma forma de fazer render a área produtiva.

A Emater-RS confirma que a prática é comum nas lavouras de erva-mate do Rio Grande do Sul e em outras culturas também. Ressalta, porém, que não existe uma recomendação técnica de utilização do glifosato. A entidade recomenda a utilização de práticas que não tenham impacto ambiental, como a roçada mecânica.

Para o consumidor, é o preço que assusta

Em uma das tradicionais lojas de erva-mate do Mercado Público da Capital, foi notada uma queda nas vendas nos últimos tempos. Porém, segundo o sócio-gerente do estabelecimento, Roberson Groff, 43 anos, mais do que qualquer evidência de perigo à saúde, é o preço que está assustando o consumidor. Roberson lembra que, nos últimos dois anos, o preço da erva-mate subiu cerca de 150% e conteve os hábitos de muitos clientes.

– Vendia o kg a R$ 6, agora está a pelo menos R$ 12, R$ 13 – explica.

Ele próprio, que tem o hábito do chimarrão desde criança, garante que não deixaria de tomar mesmo se fosse provada alguma ligação direta com o câncer. Apaixonado pela bebida, garante que tem cuidados com a temperatura do mate. O segredo, conta ele, é fazer com o bebida fique entre 70° e 75° C, ou seja, logo antes de começar a ferver:

– Tomo os dias de manhã cedo, mas tenho esse cuidado.

O vendedor Carlos Eduardo Silveira de Lima, 39 anos, é daqueles que toma chimarrão o dia inteiro. Para ele, a bebida é uma companhia tanto em casa quanto no trabalho.

– Aqui na loja, o chimarrão fica o dia inteiro no balcão, tomamos a toda hora. É um hábito que tenho há mais de 20 anos – reconhece

 Que tal a erva orgânica?

Desde que se tenha confiança na origem da erva, sim. Vale lembrar que todo alimento e produto de consumo sem herbicidas é melhor para a saúde. Porém, precisa ser bem conservado e consumido no seu prazo de validade. Em supermercados, é possível encontrar o quilo da erva-mate orgânica a R$ 12. No Mercado Público, um quilo custa R$ 16.

Números de casos no RS

– O Rio Grande do Sul lidera, proporcionalmente, os casos de câncer de esôfago no Brasil. São 18,90 casos para cada 100 mil homens e 6,82 casos para cada 100 mil mulheres.

– No câncer da cavidade oral, ocupa a quinta posição no Brasil entre os homens (15,49 casos para cada 100 mil) e a 11ª posição entre as mulheres (3,40 casos para cada 100 mil). 

– Já quanto ao câncer de estômago, fica na oitava posição no Brasil entre os homens (14,30 casos para cada 100 mil) e na quinta posição entre as mulheres (8,43 casos para cada 100 mil).

 Presidente do CMDCA/CMAS pede a cassação de vereadores de Campo Erê.

O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescentes – CMDCA e Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS de Campo Erê, Nelson Tresoldi, protocolou no ultimo dia 27 de Maio, no Ministério Publico da Comarca de Campo Erê, um pedido de cassação dos vereadores da Câmara Municipal de Campo Erê, baseado no parecer contrario à aprovação da criação de empregos públicos, através do Consorcio Intermunicipal do Rio Sargento, estipulado conforme TAC Termo de Ajustamento de Conduta, entre o MP e os municípios componentes, para a manutenção do abrigo de crianças e adolescentes.

 No documento consta que o Conselho não foi ouvido, nem informado pela Câmara sobre a tramitação da matéria, pra que pudesse se manifestar sobre o fato, embora a legislação dê esse direito, tendo a decisão dos vereadores contraria a Constituição Federal, que coloca as crianças e adolescentes como prioridade absoluta.

No documento constam várias fundamentações pelo qual acredita que os vereadores que votaram contra o projeto, infringiram princípios constitucionais de interesse publico em defesa de políticas publicas voltadas as crianças e adolescentes em situação de risco e violência.

O documento cita ainda que o voto foi rancoroso, de violência contra as crianças, cerceando os seus direitos fundamentais e que caracteriza a falta de decoro parlamentar pela pratica de atos em desacordo com a dignidade, honradez, decência e em oposição às normas morais do povo, cabendo no seu entendimentos a punição com a cassação do mandato, a fim de preservar a moral do legislativo, pois se tratam de representantes do povo, independente da sigla partidária que representam.

Dentro do que entende o Conselho, a função legislativa é o de legislar aquilo que representa a vontade e o interesse publico, e não aquele apequenado do interesse de grupos, sejam eles políticos ou não, que fogem da moralidade e da legalidade. “Ao Vereador cabe o papel de legislar sobre assuntos de interesse local, observados os princípios constitucionais e da legislação federal ou estadual, e exercer o seu poder de fiscalização para o cumprimento das mesmas, não lhe cabe o direito de intromissão nos atos administrativos do executivo.

Ele relata ainda que a Câmara cabe legislar sobre a matéria e posterior fiscalização em obediência aos dispositivos constitucionais.

Fonte: Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca) ZH - Zero Hora

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