- 05 de Fevereiro de 2013 - 17h23

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Kátia Abreu: O agronegócio brasileiro precisa de tecnologia e planejamento

Kátia - produção mais cara do mundo. Foto: divulgação

A presidente da CNA advertiu para os custos de produção e exemplificou que o leite brasileiro é mais caro que muitos outros países.

Considerada uma das maiores lideranças do agronegócio brasileiro, a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, palestrou para cerca de 800 produtores e lideranças rurais do oeste catarinense, em Chapecó, nesta semana, e renovou sua fé na inovação, na tecnologia e na capacidade empreendedora do produtor rural brasileiro.

A senadora foi recebida, em Chapecó, pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, e pelo presidente da Cooperativa Agroindustrial Alfa (CooperAlfa), Romeu Bet, organizadores do evento. O jantar-palestra ocorreu na sede da Associação Atlética e Recreativa Alfa (AARA) e foi direcionado aos associados da CooperAlfa e aos dirigentes de Sindicatos Rurais filiados à Faesc.

Os temas centrais da palestra estiveram voltados aos desafios, ameaças e oportunidades da agricultura e do agronegócio, política agrícola e sustentabilidade do setor primário. Kátia Abreu insistiu na importância da tecnologia para o desenvolvimento do agronegócio. Além disso, abordou a situação das demarcações de terras indígenas e a regulamentação do Código Florestal Brasileiro.

-“O preconceito que a sociedade brasileira tinha com a agricultura e o agronegócio reduziu-se muito. Graças à imprensa e a divulgação de nossa importância para a economia, a sociedade compreende melhor, hoje, o nosso papel. Somos geradores de superávits na balança comercial, de empregos e de renda para as famílias. A agricultura emprega 15,3 milhões de pessoas que representam 21% do total da mão de obra ocupada no País.”

A senadora enfatizou o extraordinário salto que a agricultura brasileira deu nos últimos 40 anos. Há quatro décadas, o Brasil era um dos maiores importadores de alimentos. Graças a investimentos em tecnologia e em planejamento, o produtor brasileiro deu ao país a condição de segundo maior produtor mundial de comida.

A presidente da CNA lembra, contudo, que os próprios brasileiros são os grandes consumidores da produção nacional de alimentos e chamou a atenção para a necessidade de geração de excedentes exportáveis: “Com exceção de grãos e carnes, são poucos os setores com capacidade de exportação”.

Kátia Abreu encerrou nesta semana uma viagem de 30 dias à China e ficou impressionada com as possibilidades de cooperação comercial bilateral Brasil-China. Os chineses reclamam que muitas missões comerciais não resultam em negócios porque os empresários brasileiros que visitam a China não dão prosseguimento aos contatos e, efetivamente, não realizam negócios porque estão muito fixados no mercado doméstico. O Brasil é um dos poucos países com capacidade de atender ao imenso mercado asiático, pois, pode ampliar fortemente a base produtiva. Mencionou que a FAO espera que o país aumente em 40% a produção de alimentos até 2050, mas essa meta será alcançada muito antes do prazo.

Depois de realçar a importância da inovação e da tecnologia no futuro da agricultura brasileira, pregou a importância da união do universo agro – a agropecuária, a agroindústria, a logística de transporte e os fabricantes de insumos – para a conquista de infraestrutura. A senadora considera para maciços investimentos em hidrovias, ferrovias e portos para reduzir os custos de transportes e melhorar a competitividade do produto primário no mercado mundial. Assinalou que além da débil infraestrutura, a má gestão é outro flagelo. No ranking de eficiência em administração de portos entre 150 países, o Brasil fica na, constrangedora, 130a posição.

A presidente da CNA advertiu para os custos de produção e exemplificou que o leite brasileiro é mais caro que muitos outros países. Há 1,2 milhão de produtores rurais no país, dentre os quais, 800 mil vivem da atividade, mas com níveis de eficiência muito baixos, por isso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) investirá intensamente em formação profissional rural nessa área, a exemplo do que vem fazendo Santa Catarina.

Sobre as perspectivas de futuro para o setor, Kátia Abreu disse que a base é o planejamento. “Tenho dito, em defesa da classe produtora, que não dá mais para improvisar. O agronegócio brasileiro precisa de planejamento, investimento e organização para que possa se desenvolver de forma sustentável”, afirmou.

“Provamos ao mundo que temos uma agricultura eficiente, produtiva e sustentável, responsável por grandes superávits na balança comercial brasileira”, expôs a presidente. Destacou que a valorização da agricultura é uma das principais preocupações da CNA, razão pela qual prioriza a comunicação com todos os públicos através de todos os canais de difusão. Por isso, a CNA criou a campanha no exterior TIME AGRO BRASIL ancorada na figura mundialmente conhecida de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, buscando abrir novos mercados para os produtos agrícolas e pecuários brasileiros.

Lideranças e produtores rurais de Campo Erê também participaram do evento.

RECONHECIMENTO

O presidente da FAESC, José Zeferino Pedrozo, destacou que a atuação de Kátia Abreu no comando da CNA elevou a autoestima dos produtores rurais. “Há quinze anos, a vida dos produtores rurais era um inferno. Além das agruras do mercado e do clima, eles padeciam com os ambientalistas que os acusavam de destruidores da natureza, com o governo federal que os atormentava com legislação complexa e incoerente, com a Polícia Ambiental que vigiava suas ações e com o Ministério Público que os ameaçava com processos. As classes produtoras ganharam uma defensora combativa à altura de seus algozes desde que a senadora Kátia Abreu instalou no Congresso Nacional uma trincheira em defesa da agricultura e do agronegócio nacional e assumiu o comando da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.”

TRAJETÓRIA

Kátia Abreu nasceu em Goiânia, onde se formou em Psicologia, na Universidade Católica de Goiás. Mãe de três filhos, tornou-se chefe de família e empresária rural aos 25 anos de idade, com a morte do marido. Em 1994 disputou e venceu a eleição para presidir o Sindicato Rural de Gurupi, terceira maior cidade do Tocantins, tornando-se a primeira mulher a comandar a entidade.

Em seguida, assumiu a presidência da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins, cargo que exerceu por quatro mandatos consecutivos (1995 a 2005). É a primeira e única mulher a comandar uma entidade dessa natureza no país. Presidiu a Comissão Nacional da Amazônia Legal, da CNA. Em 2006, assumiu a vice-presidência e, em 2008, a presidência da Confederação Nacional da Agricultura, a maior entidade brasileira do agronegócio.

Na vida parlamentar, disputou pela primeira vez, em 1998, uma cadeira na Câmara Federal, ficando como primeira suplente com quase 23 mil votos. Assumiu a vaga em 2000 e, em 2001, foi escolhida para presidir a Frente Parlamentar da Agricultura no Congresso. Em 2002 foi reeleita para a Câmara dos Deputados. Em outubro de 2006, Kátia Abreu tornou-se a primeira senadora do Tocantins, para o mandato de 2007 a 2014.

Fonte: Jandir Sabedot

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