Educação - 08 de Abril de 2015 - 08h24

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Líder do governo anuncia revogação da MP dos professores temporários

Foto: AL

O líder do governo na Assembleia, deputado Silvio Dreveck (PP), anunciou, durante a sessão ordinária desta quarta-feira (8), que o Executivo publicará no Diário Oficial do Estado de quinta (9) uma nova Medida Provisória (MP) revogando os efeitos da MP 198/2015, que trata dos salários dos professores contratados pelo regime temporário de trabalho (ACTs). Na prática, a medida encerra a tramitação polêmica medida, que mobilizou professores e desencadeou uma greve no magistério estadual.

"Após debater esse assunto junto com deputados, professores, entidades de classe, o governo entendeu que a MP 198 não está tramitando e por isso decidiu editar uma nova MP revogando os efeitos da medida 198", anunciou Dreveck. "Com isso, a MP 198 deixa de tramitar.”

O anúncio era aguardado desde a semana passada pelos professores, que estão mobilizados pelo sindicato da categoria (Sinte) quando a medida foi editada pelo Poder Executivo, no começo de fevereiro. Na sessão desta quarta, os professores e estudantes novamente lotaram a plenário para pressionar pela retirada ou pela rejeição da MP 198. Alguns, inclusive, acamparam no hall da Assembleia Legislativa, entre a noite de terça-feira (7) e a manhã desta quarta.

"O magistério mostra força e conquista uma vitória importante", resumiu a deputada Luciane Carminatti (PT). "Quero aqui enaltecer a organização da categoria e a sensibilidade dos parlamentares. Esperamos agora que um novo projeto sobre a carreira dos professores seja construído por meio da discussão com os profissionais da educação."

O mesmo pedido partiu do deputado Dirceu Dresch (PT), que classificou a MP 198 como uma "bomba" colocada pelo Executivo no Legislativo. Já Kennedy Nunes (PSD) parabenizou o líder do governo pela responsabilidade no tratamento da questão.

Mais educação

Antes da confirmação da revogação da MP, deputados da oposição ocuparam a tribuna e pediram que o governo reabra as negociações com professores e o Sinte para a elaboração de um plano de carreira que atenda as necessidades do magistério.

Ao relembrar que "educação não é gasto, é investimento", Ana Paula Lima (PT) afirmou que a retirada da MP 198 não encerra a luta da categoria. Ela também aproveitou para criticar as declarações do secretário de Estado da Educação, Eduardo Deschamps, que, durante videoconferência para gestores e diretores, criticou o sindicato dos professores. "O secretário apelou e apelou feio. Lamentáveis as declarações, as ameaças, que só acirram os ânimos num momento de greve", disse a parlamentar.

Neodi Saretta (PT) defendeu a aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional de sua autoria (PEC 1/2011) que passa de 25% para 35% o percentual mínimo do orçamento estadual a ser aplicado obrigatoriamente na educação. "Temos que definir o que é prioridade para Santa Catarina. Se a educação é prioridade, temos que demonstrar isso com recursos", disse.

Saretta afirmou que nem os 25% têm sido aplicados na educação estadual, já que o governo inclui nesse cálculo os gastos com as aposentadorias e pensões dos professores inativos. "O Tribunal de Contas tem observado que incluir esses valores nos 25% não é correto. Isso representa 300 milhões de reais por ano."

Fernando Coruja (PMDB) defendeu que a educação seja prioridade, especialmente em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. A exemplo dos demais deputados, o parlamentar defendeu que qualquer projeto de lei sobre a carreira do magistério seja amplamente discutida entre governo e a categoria. "O governo não precisa me convencer a aprovar. Convença os professores e eu estarei convencido."

Luciane Carminatti também pediu o aumento dos recursos para a educação e defendeu que o dinheiro que futuramente será repassado dos royalties do petróleo explorado do pré-sal seja destinado exclusivamente para o salário do magistério. A deputada também pediu para que, além de um plano de carreira que valorize o professor, o governo aplique a gestão democrática nas escolas, com a escolha do diretor escolar pela comunidade. "Se engana quem pensa que o diretor tem que ser o braço do governo na escola. Se o governo é bom na educação, não precisa ter cabo eleitoral na escola. O diretor é um aliado da comunidade escolar", considerou.

Fonte: Agência AL

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