Santa Catarina elegeu 16 deputados federais e 40 deputados
estaduais no último domingo. No entanto, o sistema proporcional e por legenda
não garante uma distribuição igualitária entre todas as regiões de um estado ou
município. Nosso estado, por exemplo, é dividido em seis mesorregiões: Grande
Florianópolis, Sul, Serra, Norte, Oeste e Vale do Itajaí. A Grande
Florianópolis é a região com o menor número de municípios e a região Oeste
concentra a maior quantidade.
As regiões do estado possuem a seguinte distribuição populacional, de acordo
com o Censo do IBGE de 2011.
Grande Florianópolis - 1.027.271 habitantes
Sul – 925.177 habitantes
Serra – 406.825 habitantes
Norte – 1.212.997 habitantes
Oeste – 1.200.230 habitantes
Vale do Itajaí – 1.514.312 habitantes
A região com menor representatividade é o Norte Catarinense,
que terá um deputado para cada 606.498 habitantes na próxima legislatura. Uma
região forte economicamente perde na Câmara Federal, mas analisando-se a
representação no Congresso Nacional, o Norte ganha em disparada, já que possui
dois senadores (Luiz Henrique da Silveira e Paulo Bauer). Assim, as forças se
equilibram.
O Oeste continua sendo a região com melhor representatividade, pois terá um
deputado federal para cada 240.046 habitantes. O número mostra que os moradores
do Oeste votam regionalmente e conseguem eleger seus representantes na Câmara.
Será que isso se repete na Assembleia Legislativa?
A Grande Florianópolis elegeu um deputado para cada 513.635 habitantes. Um
número considerado médio, mas vale lembrar que o senador eleito – Dário Berger
– é da região, o que equilibra também essa representação. A Serra, que só
elegeu Carmen Zanotto, terá a deputada representando 406.825 habitantes. O Vale
do Itajaí fez um deputado para cada 504.770 habitantes.
O Sul continuou com a mesma boa representatividade e fez um deputado para cada
308.392 habitantes. O número é considerado bom, mas é essencial que os eleitos
(Geovânia de Sá, Jorge Boeira e Ronaldo Benedet) atuem em conjunto pela região.
Se temos boa representatividade regional, o mesmo não se pode falar nas
microrregiões do Sul. Como já falei na postagem anterior, a AMREC ficou com
100% dos deputados federais eleitos nessa base.
O Oeste também lidera a representatividade na Assembleia Legislativa, com um
deputado para cada 85.730 habitantes. Mesmo sendo a região mais afastada da
Capital, o Oeste mostra a importância que tem na geopolítica catarinense. É
necessária uma análise local e mais pontual, mas a regionalização do voto
surpreende positivamente. Parabéns ao Oeste.
Já a Serra Catarinense é que fica em último lugar neste quesito, pois elegeu
somente um deputado estadual (Gabriel Ribeiro) e ele terá a missão de ser o
representante de 406.825 habitantes.
A Grande Florianópolis também não mostrou a sua força regional e elegeu um deputado para cada 256.817 habitantes. Uma das explicações pode ser a grande quantidade de moradores da Capital que são oriundos de outras regiões do estado. Esses, normalmente votam em candidatos de suas regiões de origem.
O Vale do Itajaí fez um deputado estadual para cada 216.330
habitantes e o Norte um para cada 173.285 habitantes.
O Sul do estado, mesmo perdendo um deputado em relação à eleição de 2010,
mostra força novamente na geopolítica estadual. A região fez um deputado para
cada 132.168 habitantes. Mais uma vez, como dito na postagem anterior, a AMREC
fez diferença, pois elegeu cinco parlamentares em detrimento à Amurel e à
Amesc, que fizeram um cada.
Avaliação
A geopolítica da representação parlamentar no Congresso
Nacional e na Assembleia Legislativa é importante do ponto de vista de pressão.
As bancadas regionais, se deixarem as bandeiras partidárias de lado e
trabalharem pelo verdadeiro sentido da política, podem trazer muitos recursos e
fazerem com que o Governo do Estado atue mais fortemente na sua base.
Do ponto de vista nacional, ter deputados federais de sua região garante
emendas parlamentares que serão alocadas regionalmente. O Oeste mostra que uma
bancada forte em Brasília e em Florianópolis faz diferença e transforma a
região em um dos principais polos de desenvolvimento do Sul do Brasil.
Que nossos deputados atuem por nossas regiões e não esqueçam nunca que só estão
lá por conta de nossos votos. E que os números aqui apresentados mostrem à
população catarinense que votar regionalmente é importante para que sejamos
representados por alguém que mora perto de nós e passa as mesmas dificuldades
que nós.
Fonte: campoere_1.com/Nicolas Martins